Conceitos de Metodologia Ágil

A gestão de projetos, em sua essência, busca planejar, organizar e controlar recursos para atingir objetivos específicos dentro de prazos e orçamentos definidos. Ao longo da história, diversas abordagens foram desenvolvidas para otimizar esse processo, cada uma com suas características e adequações a diferentes contextos.

O Modelo Tradicional: Uma Abordagem Linear e Sequencial

Antes do surgimento do Manifesto Ágil, a gestão de projetos era predominantemente baseada em modelos tradicionais, como o modelo Waterfall (cascata). Nesse modelo, as etapas do projeto eram sequenciais e lineares:

  1. Requisitos: Definição detalhada de todas as necessidades do projeto.
  2. Design: Planejamento minucioso da solução a ser implementada.
  3. Implementação: Desenvolvimento da solução com base no design definido.
  4. Teste: Verificação da conformidade da solução com os requisitos.
  5. Implantação: Entrega da solução final ao cliente.
  6. Manutenção: Correção de falhas e implementação de melhorias.

Essa abordagem, embora estruturada, apresentava algumas limitações:

Foco na Documentação: A priorização da documentação em detrimento da entrega de valor ao cliente.

Rigidez: A dificuldade em lidar com mudanças nos requisitos durante o projeto.

Falta de Flexibilidade: A impossibilidade de adaptar o projeto a novas necessidades ou descobertas.

Longos Prazos: A demora na entrega de versões funcionais do produto, o que dificultava a obtenção de feedback antecipado do cliente.

Mundo VUCA e Mundo BAN

O cenário global contemporâneo é caracterizado por mudanças rápidas, imprevisíveis e complexas. Os conceitos de VUCA (Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo) e BANI (Frágil, Ansioso, Não Linear e Incompreensível) surgem como ferramentas para compreender e navegar nesse ambiente desafiador.

O Impacto dos Mundos VUCA e BANI na Gestão de Projetos: Uma Análise Comparativa entre o Modelo Cascata e a Metodologia Ágil

O cenário global atual é caracterizado por mudanças rápidas, imprevisíveis e complexas. Os conceitos de VUCA (Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo) e BANI (Frágil, Ansioso, Não Linear e Incompreensível) surgem como conceitos para compreender estas dinâmicas;

VUCA (década de 90):

  • A volatilidade exige adaptação constante a mudanças repentinas.
  • A incerteza dificulta a previsão de cenários futuros.
  • A complexidade torna as relações de causa e efeito obscuras.
  • A ambiguidade gera múltiplas interpretações e decisões difíceis.

BANI (pós 2018):

  • A fragilidade expõe a vulnerabilidade de sistemas e processos.
  • A ansiedade gera estresse e dificulta a tomada de decisões racionais.
  • A não linearidade torna os resultados imprevisíveis e desproporcionais aos esforços.
  • A incompreensibilidade desafia a capacidade de entender e dar sentido ao mundo.

O modelo cascata, com sua estrutura rígida e sequencial, apresenta dificuldades em lidar com a volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade do mundo VUCA. A dificuldade em lidar com mudanças nos requisitos e a demora na entrega de versões funcionais do produto tornam essa abordagem inadequada para projetos em ambientes dinâmicos e imprevisíveis.

A metodologia ágil, por sua vez, se mostra mais adequada para o mundo VUCA e BANI. A flexibilidade, a capacidade de adaptação a mudanças, a entrega contínua de valor e a colaboração entre os membros da equipe permitem que os projetos sejam ajustados às novas necessidades e desafios que surgem ao longo do caminho.

Os 4 valores da Filosofia Ágil

  • Indivíduos e interações: Mais ênfase nas pessoas que fazem o trabalho e em como elas colaboram, em vez de reforçar ferramentas e processos rígidos. 
  • Software funcionando: Entregar regularmente um software funcional e útil é mais valorizado do que uma documentação extensa.   
  • Colaboração com o cliente: A colaboração contínua com o cliente para aprimorar e validar o produto é incentivada do que a negociação de contratos.   
  • Resposta à mudança: Concentrar-se na capacidade de se adaptar às mudanças é mais importante do que seguir um plano fixo.
Princípios da Metodologia Ágil

Os 12 princípios do Manifesto Ágil

Manifesto público: https://agilemanifesto.org/iso/ptpt/principles.html

  1. Satisfação do Cliente: A satisfação do cliente por meio da entrega antecipada e contínua de um software que cubra suas necessidades. 
  2. Alterações: Aceitar mudanças nos requisitos, mesmo nos estágios finais de desenvolvimento.
  3. Entrega periódica: Entrega periódica de software funcional, de preferência em ciclos curtos. 
  4. Colaboração: Colaboração estreita e diária entre a equipe de desenvolvimento e os clientes. 
  5. Projetos: Projetos construídos em torno de indivíduos motivados, proporcionando o ambiente e o suporte necessários. 
  6. Comunicação: Comunicação direta por meio do método mais eficaz de transmissão de informações. 
  7. Software: O software funcional é o principal parâmetro de evolução. 
  8. Sustentabilidade: Desenvolvimento sustentável, mantendo um ritmo constante. 
  9. Atenção contínua: Atenção à excelência técnica e ao bom projeto.
  10. Simplicidade: Simplicidade como a arte de maximizar a quantidade de trabalho não realizado. 
  11. Equipes: Equipes auto-organizadas para obter a melhor arquitetura, requisitos e projetos. 
  12.  Reflexão: Reflexão regular sobre como ser mais eficaz, ajustando o comportamento conforme necessário. 
Metodologia Ágil – Scrum e Kanban

Scrum e Kanban

O conceito de “estrutura” é o que melhor descreve o conjunto de diretrizes e filosofias que são, ao mesmo tempo, servem como um guia de trabalho, aberto para serem interpretados e aplicadas à maneira de cada indivíduo. 

Dentro deste conceito, temos duas estruturas que se destacam, o Scrum e o Kanban. Ambas as estruturas, com abordagens diferentes, oferecem soluções flexíveis para a gestão de equipes e projetos, promovendo a colaboração e o aprimoramento contínuo.

O Scrum é conhecido por sua estrutura de sprints e funções definidas. Concentra -se no planejamento e na execução iterativos. Já o Kanban é amplamente usado para o gerenciamento visual do fluxo de trabalho, pois promove eficiência e flexibilidade. 

Nos próximos artigos iremos explorar melhor estas duas estruturas.

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