Você já ouviu falar em “código gororoba”? É aquele código onde tudo está misturado: a lógica de negócio, a manipulação de dados e a interface do usuário. É um pesadelo para dar manutenção e para novos desenvolvedores entenderem.
Para resolver esse caos, foi criado um padrão de arquitetura chamado MVC (Model-View-Controller). Pense nele como um método de organização que divide a aplicação em três partes principais, cada uma com uma responsabilidade clara. Vamos conhecê-las.
1. Model
O Model (Modelo) é a camada que lida com os presistência de dados e as regras de negócio da aplicação. Ele é o cérebro do sistema.
- O que ele faz? Se conecta ao banco de dados, valida as informações (ex: um e-mail é válido? a senha tem 8 caracteres?) e executa a lógica principal.
- O que ele NÃO faz? Ele não tem a menor ideia de como os dados serão exibidos para o usuário. Ele apenas os gerencia.
2. View
A View (Visão) é a parte da aplicação com a qual o usuário interage diretamente. É a interface gráfica: os botões, os formulários, as tabelas, o front-end e todo o visual.
- O que ela faz? Exibe os dados que recebe do Model de uma forma amigável. É a “vitrine” da sua loja.
- O que ela NÃO faz? Ela não armazena nem processa dados. A View é “burra”; ela apenas mostra o que mandam ela mostrar e informa quando o usuário faz alguma coisa (como clicar em um botão).
3. Controller
O Controller (Controlador) é a peça que conecta o Model e a View. Ele atua como o intermediário, o maestro da orquestra.
- O que ele faz? Ele recebe as ações do usuário vindas da View (ex: “o usuário clicou no botão ‘Salvar'”). Em seguida, ele “conversa” com o Model para processar essa ação (ex: “Model, salve estes dados!”). Por fim, ele pega a resposta do Model e decide qual View será exibida para o usuário.
- O que ele NÃO faz? Ele não contém lógica de negócio complexa (isso é trabalho do Model) nem código de apresentação (isso é trabalho da View).
Como Tudo Funciona Junto?
O fluxo é simples e elegante:
- O usuário interage com a View (clica em um link).
- A View notifica o Controller sobre essa ação.
- O Controller chama o Model para buscar ou atualizar os dados necessários.
- O Model executa a lógica e devolve os dados para o Controller.
- O Controller entrega esses dados para a View apropriada.
- A View exibe os dados atualizados para o usuário.
Por que usar MVC?
A beleza do MVC está na separação de responsabilidades. Essa organização traz vantagens enormes:
- Manutenção Fácil: Mudar o design (View) não quebra as regras de negócio (Model).
- Reaproveitamento de Código: A mesma lógica do Model pode ser usada para exibir dados em diferentes Views (uma página web e um app mobile, por exemplo).
- Trabalho em Paralelo: Desenvolvedores de front-end podem focar na View enquanto os de back-end trabalham no Model e no Controller.
Agora que entendemos o “mapa” do MVC, em nosso próximo artigo, vamos dar um zoom em uma de suas peças mais importantes e ver como o Spring Boot torna sua criação incrivelmente simples: o Controlador. Até lá!